sábado, 17 de outubro de 2009

Beco sem saída

Há alturas em que se a vida de um clube fosse um jogo de computador, muitos não exitariam em fazer um reset e voltar à última gravação. Deve ser assim que se sentem os adeptos do Sporting.
Já vai longe a época, em que com o mal-amado Peseiro, o Sporting jogava futebol a sério. Golos e espetáculo eram garantidos em todos os jogos. Jogadores que hoje se arrastam espalhados por outros clubes eram máquinas afinadas.
Infelizmente, neste nosso país, alguns comentadores têm o condam de influenciar tudo e todos. Isto porque os inaptos mentais que não são capazes de pensar por si próprios são ovelhas muito bem comandadas ao ritmo daquilo que são os interesses desses comentadores e de algumas figuras de dentro do próprio clube.
As decisões que se tomaram em consequência dessas pressões esmagadoras levaram ao estado em que o sporting hoje se encontra. Convém dizer que o que coloco em causa não é o despedimento do Peseiro, mas a forma como foi conseguido.
Este estado de que falo, traduz-se numa equipa medíocre (à excepção de meia dúzia que não chegam para as encomendas), exibições sufríveis, e o mais grave de tudo, um total vazio de ideias e estratégias para o futuro. Estratégias desportivas, bem entendido, porque das estratégias financeiras não falo, por falta de informação, conhecimento e interesse.
É por aqui que quero pegar. Para mim o problema do sporting pode resumir-se a duas palavras: Visão estratégica. Ou falta dela. Passo a explicar. A visão estratégica de um clube passa por definir com clareza alguns pontos que se prendem com o seu desenvolvimento a médio-longo prazo, tais como, objectivos a atingir nas 2/3 épocas que se estão a programar, programa de prospeção interna e externa a ser seguida pela rede de observadores do clube e patamares financeiros passíveis de serem atingidos para reforço do plantel (o que influencia o ponto anterior).
Em todos estes pontos, o sporting apresenta lacunas. Em relação aos objectivos, durante uma só época o sporting é capaz de os mudar 2 ou 3 vezes. No início, o objectivo é ser campeão. Quando a distância para o topo começa a aumentar, então o objectivo já é garantir a presença na champions. Por fim, o único objectivo é ficar à frente do benfica. Isto é um exemplo de má gestão. Os objectivos de um grupo de trabalho devem ser únicos desde o princípio ao fim. Caso contrário como avaliar o exercício? Veja-se o exemplo do Porto. O objectivo é ser campeão, sempre. Quando não o consegue não inventa outros objectivos, simplesmente conclui que não cumpriu o objectivo.

Mas todos os pontos que referi podiam ser agrupados em Visão estratégica interna e Visão estratégica externa.

Em relação à última, tomo como exemplo as opções tomadas para esta última época, que aliás não diferem muito dos últimos anos. O sporting fez então 3 contratações. Boas em termos técnicos (dadas as limitações do plantel). No entanto, foram péssimas na gestão do plantel. Isto porque foram demasiado caras, impedindo o clube de fazer outras contratações que eram estritamente necessárias. A solução passaria por contratar bom e barato. Para alguns, tarefa impossível. Eu diria, acontece aos piores. Contratar bom e barato é possível mas para tal é preciso ter um vasto conhecimento do mercado, principalmente do mercado europeu onde ainda há muito por explorar. Peçam uma mãozinha ao Wenger, que ele talvez dê umas dicas.

Quanto à visão externa, esta tem, obrigatoriamente, que estar ligada à anterior, na medida em que muitas das soluções para os problemas podem efectivamente vir de dentro. Para isso é preciso ter coragem para admitir que o sporting não tem dinheiro e que vai fazer um plantel recorrendo preferencialmente à prata da casa. Coisa que não acontece, isto é, o sporting utilizou nestes últimos anos a academia apenas para desculpar os erros cometidos. Frases como "a equipa é jovem" ou "temos muita imaturidade" não fazem sentido. Porque a aposta nos jovens não é efectiva. Temos vários jogadores jovens no plantel mas não há uma programação que acompanhe o seu crescimento. E nem todos têm o estofo de carriço ou moutinho. É preciso que a formação não termine nos juniores, é preciso acompanhamento a posteriori.

Para finalizar dizer apenas que o Paulo Bento não é o principal responsável. Ele, assim como outros treinadores, são vitimas do sistema dos clubes em Portugal. Sistema este onde a margem de manobra do treinador é ridicula. É o treinador que deve tomar todas as decisões relacionadas com o plantel.

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