domingo, 11 de outubro de 2009

Patriotismo de última hora

Foi com enorme prazer e orgulho que vi a forma como a grande parte dos adeptos da nossa selecção se uniram e no momento de mostrar que afinal este ainda é um país de guerreiros, foram até à Luz para gritar por Portugal.
Foi, sem dúvida, um apelo de última hora vindo do interior de cada um. Apesar de todas as desavenças, de todas as desilusões, o amor à selecção e a paixão pelo futebol ainda são como dantes. A grande prova está nos números. 50000 pessoas mostraram que os portugueses acreditam na selecção, mas acima de tudo, mostraram que querem ver a selecção no Mundial de África.

Esta qualificação exigiu muito dos adeptos, naquilo que concerne à sua paciência e sobretudo à crença até ao final. É certo que ainda não estamos lá, mas agora também não é altura para esmorecer. Assim como não o foi em 2007. Para muitos dos esquecidos, em 2007 Portugal também teve de esperar pelo último jogo para se qualificar para o Euro. Nessa altura um empate no Dragão com a Finlândia garantiu a qualificação.
Pode-se defender que ao menos nessa altura Portugal não andou a depender de terceiros até ao fim. Argumento válido. Mas um Mundial é um Mundial! E o que interessa é que nós vamos lá estar!
Se olharmos para o lado, percebemos que a nossa situação não é assim tão inacreditável. A Itália passa quase todas as fases de qualificação com o credo na boca. Tem sempre de esperar até ao fim para poder respirar de alívio. E alguma vez algum italiano colocou em questão a selecção? Não. E sabem porque? Porque depois de já estarem qualificados (independentemente de ser no último jogo ou a 3 jogos do fim) eles são uns dos principais candidatos. E eles sabem disso. O mesmo se aplica à França, entre outros.
Porque não podemos nós ter também esta crença na selecção? Temos sempre que exigir sermos os primeiros? O que conta é aquilo que vai acontecer na África do Sul. Ninguém se vai lembrar da fase de qualificação. Ou alguém se lembra das fases de qualificação das anteriores competições?

No entanto, e apesar do meu optimismo, gostaría de tecer alguns comentários ao estado actual da selecção.
Em primeiro lugar, convém referir que o Sr Scolari, era um mestre naquilo que toca à motivação, disciplina e era de facto extraordinário quando era preciso unir esforços e ultrapassar situações difíceis. O mesmo não se podia dizer da sua (in)capacidade técnica. Aliás, que ficou provada no falhanço ao serviço do chelsea.
Em conclusão, o reinado de Felipão em Portugal resultou em sucesso, porque no intervalo de tempo em que o brasileiro esteve ao serviço da selecção, esta tinha uma base sólida em duas vertentes. A primeira é a vertente de liderança. Jogadores como Figo, Petit, Pauleta, Jorge Andrade, entre outros, garantiam uma estabilidade que está longe da que hoje se verifica. A segunda é a vertente desportiva. Depois do falhanço contra a Grécia no primeiro jogo do Euro, Scolari, inteligentemente, teve o pretexto ideal para remeter para o banco alguns jogadores que claramente estavam a mais, e adoptar por completo a base do Porto de Mourinho (defesa com R.Carvalho e N.Valente, meio-campo com costinha, deco e maniche), adaptando a selecção a um estilo de jogo em tudo semelhante aos dragões.
Todo este conjunto de factores, levou a que a selecção vivesse um período de grande estabilidade. Que Scolari tentou prolongar ao máximo, pedindo a Figo que voltasse para o Mundial 2006. Infelizmente este perído tinha algum dia que acabar.
Este fim coincidiu também com a saída de Scolari da selecção. Portanto convém distinguir estes dois finais bem distintos. A saída do selecionador por um lado e, por outro, a saída de muitos jogadores importantes que levaram ao fecho de um ciclo na selecção.
O começo deste novo ciclo coincidiu com a chegada de um novo selecionador, o Prof. Carlos Queiroz, um estudioso do futebol. Curiosamente, foi com Carlos Queiroz que muitos dos jogadores que levaram Scolari ao êxito tinham começado a sua carreira na selecção.
Coube, durante estes dois anos, ao treinador português a missão de renovar a selecção. E Queiroz teve, quanto a mim, o grande mérito de não ter medo de arriscar. Tomou as suas decisões, umas boas, outras menos boas. Mas tudo o que fez foi pensado, reflectido. Vi nestes dois anos um projecto traçado. Não um projecto para o presente, um projecto para o presente e para o futuro.

É nesse futuro que acredito e confio em Carlos Queiroz como o homem certo para levar Portugal em frente.
Podemos não ter o melhor treinador do Mundo, mas temos um treinador que percebe o futebol tal como ele é.

Força Portugal!

FR

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